Ao receber as informações sobre as medidas restritivas impostas pelo prefeito Gean Loureiro aos cidadãos de Florianópolis, levando o período de isolamento social para além de 30 dias, a ACIF questiona qual será o plano da Prefeitura para lidar com outra estatística – a de pessoas desempregadas, que não aparece nas apresentações do Executivo e já conta com mais de 12 mil pessoas vitimadas, ainda crescendo exponencialmente.
A carência de decisões para achatar essa outra curva, também devastadora sobre vidas, está dizimando a subsistência de milhares de lares e trazendo consigo uma série de enfermidades – comprovadas cientificamente.
Entendemos que a solução passa por ouvir especialistas multidisciplinares, colocando na mesma mesa pessoas que entendem sobre como evitar o contágio e profissionais que possam desenhar táticas de modo a manter a subsistência da população de maneira segura.
A ACIF está consciente do problema e orienta, desde meados de março, as empresas da cidade para que adotem todos os procedimentos sanitários indispensáveis. Também participa de campanhas de doação para aquisição de testes e EPIs, comunicando constantemente a necessidade de adoção de cuidados essenciais para que o verdadeiro vilão, que é o vírus, seja combatido. São propostas consistentes, contemplando todas as frentes. Daí a necessidade de diversas visões para analisar e mitigar esta crise.
Entre as soluções, torna-se clara a transparência sobre outro – e importantíssimo indicador – que faz falta nas apresentações do governo municipal. Quantos leitos temos disponíveis na cidade? Quantos leitos de UTI estão em uso hoje e quantos serão necessários adicionar? Por quanto tempo precisaremos manter o isolamento até o sistema ser capaz de atender a população? Permaneceremos passivos, aguardando o Governo Federal, ou criaremos uma estrutura própria para que nossos cidadãos sejam atendidos, otimizando recursos do município, como era feito na Operação Asfaltaço?
A entidade também estranha a ausência de medidas que reduzam de maneira decisiva os gastos da Prefeitura. Existe algum plano? O simbolismo do corte do salário do prefeito e secretários será ínfimo perto do déficit que se impõe. Quem pagará essa conta? O setor privado sozinho, novamente?
É fundamental que a vida seja considerada em sua plenitude, compreendendo que a saúde é diretamente afetada pela miséria, situação em que grande parte da população passará a viver em decorrência das decisões de isolamento impositivo. A ACIF entende que, enquanto a prefeitura estiver lidando com o problema por um único viés, muitas vidas – não contabilizadas nos noticiários diários – continuarão a ser perdidas.
Florianópolis, 12 de abril de 2020.
Rodrigo Rossoni
Presidente da ACIF
Associação Empresarial de Florianópolis