Nos últimos meses o Brasil assistiu a um movimento ímpar em sua história. Assim como em episódios anteriores – o Movimento das Diretas Já e o Caras Pintadas, para citar dois casos mais recentes – milhares de pessoas tomaram as ruas das grandes cidades para expressar sua insatisfação. Em 2013, no entanto, havia uma singularidade: os manifestantes não empunhavam uma bandeira única, como nos eventos anteriores. As ruas manifestavam sentimentos um tanto difusos de insatisfação com problemas como a corrupção, a má qualidade dos serviços públicos oferecidos no Brasil, as tarifas do transporte público, entre diversos outros.
As opções de “causas” a defender eram tantas que certamente incluíam até propostas contraditórias entre si. Mas não importa: apesar de discordâncias internas e dos equívocos em alguns posicionamentos, o fato é que os manifestantes – com exceção daqueles que optaram pela violência e pelo vandalismo, obviamente -, se uniram em torno de algo comum: o desejo de um País melhor, mais justo e desenvolvido econômica e socialmente.
A construção de um País melhor para todos vai exigir muito trabalho e seriedade no enfrentamento de questões estruturais que emperram a geração de empregos e renda e a melhoria da gestão pública, essenciais para transformar em realidade o sonho dos jovens que tomaram as ruas. A reforma tributária é um exemplo. Arrecadando com apetite incontrolável – e gastando de forma inadequada a fortuna que recolhe em tributos e impostos – os Governos jogam sobre o setor produtivo um peso enorme que praticamente inviabiliza investimentos essenciais para a geração de novos postos de trabalho e, por que não, a oferta de produtos com preços mais competitivos.
A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) se debruçou sobre o assunto e apresentou uma proposta de reforma que tornaria mais racional e simples o sistema tributário brasileiro e, ao mesmo tempo, livraria recursos para o setor produtivo e as famílias sem comprometer a arrecadação do setor público. A confecção do documento, já encaminhado a parlamentares de Santa Catarina, exigiu esforço e estudos de uma equipe de voluntários da entidade.
A disponibilidade de se dedicar por uma causa comum, como foi o caso, é importante para todos contribuirmos com a construção de um País melhor. E a chegada do 7 de Setembro pode e deve reforçar esse sentimento em todos. A Proclamação da Independência, um acontecimento muitas vezes esquecido por aqueles que vêem a data apenas como um feriado, deve servir para reforçarmos nosso espírito cívico e fazermos aquilo que estiver a nosso alcance para conquistarmos o Brasil que merecemos.
Sander DeMira – Presidente da ACIF