Segundo os catarinenses entrevistados, a população deve consumir normalmente.
Na última semana, o mundo reviveu o pesadelo financeiro que aconteceu em 2008, quando houve a explosão da bolha imobiliária e dezenas de empresas quebraram nos Estados Unidos. Desta vez, a crise começou na sexta-feira, 5 de agosto, quando ocorreu o rebaixamento da nota de crédito americana, influenciada pelo medo da dívida pública e do calote americano.
No dia 8, o pregão brasileiro chegou a perder 9,74% antes de fechar em queda de 8,08%. Esse resultado foi atribuído à reação dos investidores ao rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos de AAA (maior patamar) para AA+. Na ocasião, a presidente Dilma Rousseff declarou que não pretende adotar medidas para enfrentar a onda de turbulência. A mesma cautela está sendo tomada em Santa Catarina.
Economia interligada
O presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SC), Paulo Guilhon, avalia que a crise pode chegar no Estado daqui a algum tempo, com redução das compras e de aquisições de produtos exportados. Guilhon lembra que a taxa de cambio é favorável para quem importa e negativa para quem exporta. “Quase 20% das exportações de Santa Catarina vão para os Estados Unidos. Se a crise piorar, a indústria pode sofrer grandes danos. E como toda a economia é interligada, outros setores também serão afetados.”
O economista acredita que o mercado interno é a grande solução para a crise e ainda não se pode fazer alarde sobre algo que nem chegou intensamente no Brasil. “O nosso poder de compra e as reservas são suficientes para que os impactos sejam menores que em 2008”, prevê Guilhon.
Consumo deve continuar
O técnico em economia do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-SC), Daniel Passos, afirma que não se pode antecipar a crise, pois a economia se movimenta pelo gasto. “Se todo mundo tiver um comportamento preventivo, deixando de consumir, a crise se realiza, já que cerca de 70% do PIB brasileiro vem do consumo das famílias”, explica Passos.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC), Sergio Alexandre Medeiros, defende que é preciso uma análise detalhada das estratégias a serem seguidas, procurando reavaliar os negócios que estão sendo feitos. “Pensar novos mercados no exterior e mesmo no Brasil deve ser levado em consideração neste momento, colocando os produtos, na medida do possível, no mercado interno.”
Medeiros esclarece que o Governo por sua vez, pode e deve fazer a sua parte, reduzindo os gastos públicos, para que a inflação não ganhe corpo e se torne um problema também para o nosso país. “A inflação sob controle, a redução dos gastos do governo e iniciativas que visem a redução da carga tributária tendem a ser grandes aliados neste momento”, esclarece .
Indústria
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) está atenta as novidades do cenário econômico e está repassando informações para todos os associados. O presidente da instituição, Glauco José Côrte, acredita que ainda é prematuro avaliar os impactos. Segundo ele, os asiáticos quando perdem espaço nos países desenvolvidos fazem pressão nos subdesenvolvidos. “Temos que ficar atentos e aproveitar este momento para melhorar a competitividade do setor industrial. Não podemos perder o mercado internacional, que foi duramente conquistado” conclui.
*Por Diego Souza – Economia SC