Articulistas nacionais e regionais, ao comentar a demissão do Min. Palocci esta semana, a associaram à influência da classe empresarial, que sua saída é decorrência de “distorções” institucionais, duma ligação umbilical do ministro com o setor privado. Seria mais do mesmo? Estes formadores de opinião, muitos sem se darem conta, subliminarmente, alimentam a demonização da classe empresarial, imputando-a em bloco como responsável pelo “tráfico de influência” nos Governos em geral.
Cremos que homens abastados sempre procurarão de forma individual o alcance de seus interesses próprios junto aos postos-chave de qualquer Governo. Mas as entidades de classe patronal, atuando de forma setorizada, associativa e transparente, em conjunto com representantes dos trabalhadores, tem promovido a melhor defesa dos interesses do emprego e da renda. Este, reconhecido como axioma mundo afora, sempre será o melhor caminho para interlocução do setor privado com o poder público.
Devemos apregoar no dia-a-dia, sem tecnicismos, popularmente, que não somos o “joio” nestes embates (fomentadores de movimentações individuais junto às compras e regulamentações governamentais, seja da cena nacional, estadual e/ou municipal), mas sim o “trigo” (entidades de classe patronal que chamadas ao debate ou não, tem defendido e cobrado posturas republicanas, reformadoras e desenvolvimentistas dos nossos governantes). Não há mais como, editorial após editorial, comentário após comentário, se continuar imputando de forma genérica aos sobreviventes a culpa dos desastres. Os empresários brasileiros são vencedores de dificuldades estruturais de toda ordem. No ambiente competitivo nacional e internacional, num jogo de regras desiguais, conseguem fazer a diferença, empregar e prosperar acima da média, mesmo se comparados a conglomerados estrangeiros. Vencendo a falta de infra-estrutura, poucos marcos regulatórios bem construídos, nosso carnaval tributário e uma legislação trabalhista/previdenciária atrasada, continuamos empregando a juventude e fortalecendo a classe média nacional.
Imaginem se formadores de opinião e povo brasileiro em decorrência, reconhecerem definitivamente o valor dos geradores de emprego e renda que estão fazendo a diferença nos últimos 15 anos neste país… Pensem num país tecnicamente bem dirigido, com líderanças renovados, menos suscetível aos deslizes éticos porque privilegiou seus servidores públicos de carreira e desatou os nós estruturais do desenvolvimento gradativo e sustentado… Imaginem aonde poderemos chegar…
*Por Rodrigo Duarte, Diretor Administrativo da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis