Só o associativismo é capaz de reunir empresários consagrados ou, no mínimo, com muita experiência a compartilhar – e iniciantes em seus negócios, muitos deles com pouco mais do que 20 anos de idade. Todos com expectativas semelhantes, alguns ansiosos e sem quaisquer barreiras, em detrimento das diferenças de renda ou de posicionamento de mercado e faixa etária de cada um.
O Projeto Mentoria, uma iniciativa da ACIF Jovem, abriu mais uma edição na última segunda-feira (03/06), com a proposta tão simples quanto pretensiosa de ensinar e aprender pela convivência. Vale relembrar que Mentor foi um personagem da Odisseia, obra atribuída a Homero, provavelmente oito séculos antes de Cristo. Mentor era amigo e conselheiro de Ulisses e sua influência era tamanha que o nome próprio se transformou em substantivo.
O simples e o inovador se reencontram no Projeto Mentoria, por que os empresários experientes valorizam seus acertos e admitem seus erros e, muitas vezes inconscientemente, também se contaminam com a energia e os caminhos escolhidos pelos neófitos. Em depoimentos de participantes das edições anteriores ficou estampado o quanto o Projeto ultrapassa as fronteiras corporativas e acaba por entremear experiências de vida. “Uma vida não é uma fotografia, mas um filme, com as imagens em movimento. Quando se visualiza alguém de sucesso, é bom saber que nem sempre a realidade foi assim”, definiu, com muita sapiência e clareza, a empresária e mentora Vanessa Rouvier.
O evento da última segunda-feira foi apenas o primeiro passo de uma longa caminhada desta nova edição do Projeto Mentoria. Seguramente, serão compartilhadas práticas bem-sucedidas e malogros, conquistas e percalços, sonhos e projetos – e em determinados casos a confluência entre aprendizes e mestres se estenderá indefinidamente.
Todavia, uma dúvida sempre prevalecerá: quem aprende mais, mentores ou mentorados?
É a feliz ambiguidade de um Projeto que se perpetua.
*Carlos Stegemann, jornalista e mentor na edição 2019.