Um dos maiores desafios para quem está começando a jornada de empreender de forma autônoma costuma ser a precificação do próprio trabalho. 

Para alguns perfis de profissional, esse valor é mais fácil de ser tabelado, mas nem todo mundo têm noção de quanto cobrar por um serviço ou produto. 

E isso é completamente normal para quem está acostumado com salários fixos de empregos CLT ou que simplesmente está começando em um projeto novo.

Não duvide da importância de saber cobrar corretamente pelos serviços ofertados. Engana-se quem pensa que, por estar começando, pode cobrar baixo. Mesmo no início do percurso do empreendedorismo, é preciso valorizar o que se está oferecendo.

Primeiro, porque seu trabalho tem um valor – e aqui falamos em estima, relevância, a soma dos benefícios do seu trabalho – e como profissional você deve reconhecer isso. Segundo, porque o mercado deve ser levado em consideração. 

Se você reduz demais o preço de seu trabalho, outros profissionais sentem e precisam também baixar seus preços, depreciando toda uma classe e o trabalho realizado por ela.

O que levar em conta ao cobrar por um trabalho?

Sejam serviços ou produtos, seja você um profissional liberal, autônomo ou freelancer e independente do ramo em que atua, existem alguns pontos essenciais a considerar antes de definir o preço de um trabalho. Confira eles:

Comece com uma referência

O primeiro ponto é definir sua pretensão salarial. Quanto você gostaria de ganhar e quanto você provavelmente ganharia se estivesse em um emprego CLT?

Analise o seu nível profissional e a carga horária do seu último emprego CLT para ter uma base. Caso não tenha histórico para ter essa base, pesquise os valores cobrados usando a tabela sindical da sua categoria como indicador.

Saber quanto as empresas estão pagando é uma boa forma de entender isso. Acesse sites como Glassdoor (antigo Love Mondays) e 99freelas para avaliar o mercado e saber quanto as empresas estão pagando hoje em vagas na função em que você atua.

Considere todas as despesas

Além de entender o mercado em que atua, é importante calcular todas as suas despesas. Considere os custos que você tem, desde água, luz, aluguel e internet a materiais de insumo, ferramentas e equipamentos. 

Lembre-se que, para bancar estes custos, agora você dependerá exclusivamente da renda que você vai tirar do trabalho cobrado. Portanto, inclua esses valores no preço final da mão de obra.

Valorize seu trabalho

Talvez um dos pontos mais importantes. Reconheça seu trabalho e suas entregas. 

Tendo formação profissional ou não, todo trabalho que entregue algum valor ao seu público final deve ser reconhecido. Valorize cada esforço, aprendizado e vivência que você conquistou até o momento.

Saber que há muito o que aprender e evoluir ainda como profissional no começo e ao longo da jornada é super importante, mas não deixe que o que foi conquistado até agora seja desmerecido na hora de cobrar pelo seu trabalho. 

Cuide da sua autoestima profissional. Valorize seu trabalho para que o cliente o valorize também.

Estude a concorrência

Analise a forma como os concorrentes estão cobrando e o quanto eles estão cobrando por cada tipo de serviço ou produto. O preço do concorrente não será fator decisivo para tabelar seus preços, mas dará uma boa ideia de como anda o mercado na sua região.

Analise as particularidades de cada demanda

Cada demanda pode exigir materiais ou níveis de esforço diferentes. Com isso, o número de horas gastas no trabalho também mudarão.

Analise bem a complexidade do trabalho para entender o tempo que levará para finalizá-lo, quais são as expectativas do cliente e quais as variáveis envolvidas. 

Faça uma reunião ou marque uma conversa mais detalhada sobre as necessidades do seu cliente. Garanta que terá todas as informações suficientes para cobrar de forma justa.

Como calcular o meu preço?

Com a pretensão de renda mensal em mente, calcule o preço do seu trabalho considerando as horas trabalhadas.

Utilize o modelo de cálculo (salário pretendido x 2) ÷ horas trabalhadas no mês = preço da hora trabalhada para calcular o preço da sua hora. 

Assim, se você deseja ganhar R$ 3 mil por mês, trabalhando 8h por dia (160 horas por mês), por exemplo, você deverá cobrar R$ 37,50 por hora trabalhada. O salário pretendido é multiplicado por dois pois considera uma média das despesas.

Quando enviar o orçamento, o preço total da demanda dependerá da quantidade de horas necessárias para executar o trabalho. Por isso, analise bem considerando imprevistos e as reais estimativas para não sair no prejuízo.

Também é possível simular precificação com calculadoras como o Calculador Freela e a Calculadora Freelancer.

Organize o controle de caixa

Agora que sua renda depende exclusivamente do seu trabalho como empresário é necessário muita organização para não se perder entre os lucros e despesas e conseguir separar o fluxo profissional do pessoal.

Crie uma planilha para registrar as entradas e saídas de caixa e inclua tudo o que é gasto com o seu espaço de trabalho, como aluguel ou as contas de casa de água e luz, etc, gastos com os investimentos, com as taxas e impostos, com insumos, com funcionários e benefícios corporativos. 

Mantenha essa planilha atualizada mês a mês e, sempre que possível, tenha uma reserva para emergências.

Esteja ciente de que nem todo mês terá o faturamento perfeito e estar preparado é essencial, principalmente no começo da trajetória empreendedora. 

Se você for MEI, pesquise sobre taxas de crédito para conseguir o impulso financeiro que seu negócio precisa no início da jornada.

Cobrar bem é cobrar justo

Saber calcular o valor do trabalho é fundamental para começar um negócio novo e é talvez uma das primeiras e principais dúvidas. 

Muitas vezes, o motivo dessa dúvida nasce da falta de confiança no próprio trabalho, decorrente de cobranças excessivas ou da falta de conhecimento de mercado.

Seja o que for, é normal ter essas dúvidas no início de qualquer projeto novo. O importante é entender o seu valor e confiar no seu potencial profissional. Siga essas dicas e tenha a garantia de ter o trabalho devidamente valorizado e pago de forma justa.