O Governo do Estado vem anunciando a venda das ações da Casan que estão em mãos de empresas públicas como a SC Parcerias (18,35%), Celesc (15,76%) e Codesc (2,32%). A quantidade é de 702 milhões ações, divididas em 351 milhões de ordinárias e 351 milhões de preferenciais, para um patrimônio liquido de RS 1, 03 bilhão. Na opinião dos técnicos do governo, esta engenharia financeira permitiria os recursos próprios exigidos pelos financiamentos internos e externos. Há polêmicas à vista, quer da oposição ao governo quer dos sindicatos vinculados ao segmento, argumentando que a água e o esgoto não devem ser privatizados.
Deve-se ressaltar que a Casan cobra uma das maiores tarifas do Brasil e seus serviços são péssimos. A cobertura de esgoto é mínima, umas das piores do país. O atual governador, presidente da empresa em 1995, foi dos primeiros prefeitos a romper com a Casan (2002), e o ex-governador Luiz Henrique, ex-prefeito de Joinville (1997-2002), seguiu o mesmo exemplo. As razões para o rompimento eram robustas, a começar pelo lastimável serviço de cobertura sanitária, ausência de investimentos, até o chamado “subsídio cruzado”, um perverso modelo de transferência de receitas de cidades maiores para as cidades menores, que permanece até hoje. Florianópolis é um dos financiadores para os projetos do interior do Estado.
Há enormes óbices a serem vencidos. O primeiro deles é saber se há aplicadores dispostos a investir na Casan, com seus passivos trabalhistas ocultos, ações judiciais por poluir o meio ambiente, além de um balanço patrimonial desolador. Há outras agravantes, como a gradual interrupção dos contratos com os municípios (redução de receitas), já atingindo mais de 20 cidades, e a urgente necessidade de se “revitalizar” o velho sistema operacional existente, com pesados investimentos adicionais.
Uma solução seria o governo sanear a empresa, dividi-la por regiões metropolitanas, separando o lado “podre”, e assumi-lo, negociando o lado saudável da empresa. Assim, em vez de uma Casan, várias; em vez de um IPO, vários. Certamente, não faltariam investidores para nossa região.
*Por Dilvo Tirloni, Administrador e Conselheiro da ACIF